José Sócrates e Pedro Passos Coelho vão enfrentar-se esta noite, a partir das 20h55, num debate na RTP1. Os líderes dos dois maiores partidos portugueses lutam pelos votos dos indecisos a poucos dias das eleições legislativas de 5 de Junho.
20h57: Sorteio dá a primeira pergunta a José Sócrates. Líder socialista diz que "estávamos a fazer o caminho na resposta para a crise" e que "o processo foi interrompido pela crise política". O actual primeiro-ministro diz que a diferença entre os dois partidos reside no facto de o PS manter o modelo social europeu.
21h00: Vítor Gonçalves, da RTP, pergunta porque os eleitores devem dar o poder a Passos Coelho quando ele não tem nenhuma experiência governativa. Líder do PSD lembra que também o primeiro-ministro britânico, David Cameron, não a tinha. De seguida, diz que Sócrates é o "primeiro-ministro de Portugal que mais maldades fez ao Estado Social", apresentando os 700 mil desempregados como um balanço da actuação do rival socialista.
21h02: José Sócrates diz que o Estado dá mais prestações sociais, apesar da crise, e acusa Passos Coelho de responsabilizá-lo pela crise sem ter em conta a conjuntura internacional. De seguida, cita o relatório e contas de uma empresa administrada pelo agora líder do PSD em que Portugal aparecia como tendo resistido bem à crise em 2009.
21h05: "Conheço já a sua técnica", contrapõe Passos Coelho, dizendo que "muda de opinião quando a realidade muda". Refere-se ao documento apresentado pelo socialista como "um pequeno truque". De seguida acusa o Governo de não ter contido a dívida pública como seria necessária fazer. E relembra antigas declarações de Sócrates à imprensa.
21h08: José Sócrates diz que as declarações citadas por Passos Coelho foram feitas antes da crise grega ter alterado toda a conjuntura económica nos países europeus. "Tiveram que mudar de estratégia todos os países europeus", refere o líder socialista.
21h10: José Sócrates diz a Passos Coelho que ele está a pôr em causa o Serviço Nacional de Saúde "tal como o conhecemos".
21h11: "Isso é falso, isso é falso", interrompe Passos Coelho quando Sócrates o acusa de pôr em causa a saúde tendencialmente gratuita. Logo de seguida, apela ao secretário-geral do PS que explique "como é que defendeu durante todo este tempo" todos os portugueses que perderam o emprego ou viram a sua vida piorar nos últimos anos.
21h14: Passos Coelho lembra que 30 por cento dos serviços de saúde são prestados por privados em Portugal. "Deixa-me responder, por favor?", insiste, enquanto o interlocutor insiste que o programa do PSD aponta o co-pagamento da saúde como o caminho a seguir.
21h16: "O senhor tem posto em causa a minha palavra", atalha José Sócrates, voltando ao tema da introdução de co-pagamentos do sector público da Saúde. "Lamento muito mas isto é importante de mais para passarmos por isto de forma leve", acrescenta o socialista, apresentando recortes e mesmo um DVD com entrevistas do rival.
21h20: Passos Coelho declara que Sócrates devia "discutir as suas responsabilidades enquanto primeiro-ministro", pois tem dificuldade "em discutir o efeito da acção do seu governo" quando Portugal "está na bancarrota". "Portugal é o único país em toda a Europa que enfrenta uma recessão séria", apontando a previsão de que Portugal poderá chegar aos 800 mil desempregados.
21H23: "Não vamos fazer um debate inteiro sobre Saúde", diz o jornalista Vítor Gonçalves. Perante isto,José Sócrates diz que assume as suas responsabilidades, tal como Passos Coelho deveria assumir "a responsabilidade da crise política". Recorrendo a um gráfico, o líder socialista mostra os juros a subir desde que a Assembleia da República foi dissolvida. "O que é que nós ganhámos com esta crise política", interroga-se o primeiro-ministro, acusando o rival de "ter pensado em si e no seu partido", com o único objectivo de ganhar as eleições, pois "as sondagens estavam compostinhas".
21h27: Passos Coelho diz que Sócrates "criou a fantasia" de que os partidos da oposição chumbaram o PEC 4 "por terem pressa para ir para o Governo". Lembra que o PSD apoiou algumas das "medidas difíceis" tomadas anteriormente. "A razão pela qual o Governo teve de perder ajuda foi porque perdeu a confiança dos mercados internacionais", acusa o social-democrata, afirmando que Portugal enfrenta "taxas de juro insustentáveis" desde Outubro de 2010.
21h30: "Há muito tempo que Portugal deveria ter pedido ajuda", insiste Passos Coelho, dizendo que Sócrates estava "mais preocupado com a sua imagem" do que com os problemas do País.
21h31: José Sócrates acusa o rival de sempre ter querido a ajuda externa para criar uma crise política e tentar conquistar o poder. Nega ainda que os bancos portugueses tenham perdido liquidez ao comprar dívida externa portuguesa.
21h32: José Sócrates diz que Passos Coelho quer "contratos a prazo verbais". "Isso não é verdade", riposta de imediato o social-democrata. A mesma reacção repete-se quando o líder do PS o acusa de querer "liberalizar o trabalho temporário".
21h35: "O meu programa é tão claro que houve quem o tenha considerado arriscado", diz agora Passos Coelho. O social-democrata apresenta "um sistema dual", em que os contratos actuais sem termo permanecem intocados, mas que os rubricados daqui para a frente permitam "dar mais flexibilidade ao mercado de emprego para acabar com o abuso dos recibos verdes".
21h38: Vítor Gonçalves pergunta a José Sócrates quando vai baixar a Taxa Social Única se formar governo após as legislativas. É uma boa tentativa do moderador do debate, mas o primeiro-ministro regressa ao tema do trabalho temporário e acusa Passos Coelho de querer acabar com a justa causa nos despedimentos.
21h40: José Sócrates diz que "vai estudar e depois propor" o valor da Taxa Social Única. Sem se comprometer com qualquer valor, diz que essa diminuição de receitas do Estado obrigaria a aumentar os impostos.
21h41: Passos Coelho diz que a redução da Taxa Social Única tem de ser significativa para gerar emprego em Portugal, mas Sócrates diz apenas que "vai estudar o assunto" apesar dos compromissos assumidos com a 'Troika'. O líder do PSD enumera as entidades "interessadas na criação de emprego em Portugal" que estudaram a descida, lembrando que o PSD defende uma descida gradual de quatro pontos percentuais. "Se não tem nada a dizer sobre esta matéria, ao menos ouça quem estudou", atira a Sócrates quando o rival o tenta interromper.
21h45: "O engenheiro Sócrates ainda não deixou esfriar o que assinou com a União Europeia e já não está a cumprir", diz Passos Coelho, perguntando porque Sócrates "está a rir".
21h46: Vítor Gonçalves admite que há "um problema com a informática", pelo que no estúdio não sabem quanto tempo foi utilizado por cada um dos intervenientes no debate.
21h48: "Já chega de dizer sempre mal do seu País e de usar expressões como bancarrota", diz José Sócrates.
21h49: Passos Coelho acusa Sócrates de "deixar mal Portugal" com o défice orçamental. "O senhor sabia quanto ia custar a intervenção do BPN. Sabia tanto que não ia cumprir que usou o fundo de pensões da PT", diz o social-democrata.
21h51: José Sócrates repete que o rival "só fala mal do País e usa expressões como bancarrota". Face a isto, Passos Coelho pergunta porque "não quis ouvir" e cortar logo despesas do Estado.
21h53: Vítor Gonçalves pergunta como será o pós-5 de Junho e José Sócrates diz que deve ser convidado a formar Governo o partido mais votado.
21h54: Passos Coelho diz que o PSD aposta na transparência das contas públicas.
21h55: José Sócrates faz intervenção final: "Para vencer a crise, o País dispensa aventuras e radicalismo ideológico, nocivo aos interesses das pessoas." Secretário-geral do PS promete "governação responsável e moderada", que respeite compromissos com a União Europeia e FMI mas que esteja preocupada em manter o Estado Social.
21h57: Passos Coelho termina o debate: "Creio que o Pais tem muito claro que precisa de um Governo competente e capaz para os portugueses que estão desempregados e descrentes no futuro. Os portugueses sabem que a responsabilidade cabe ao engenheiro José Sócrates e ele não tem desculpa. Não há dúvida que o País tem de mudar a sua liderança. Precisa de alguém que pode não ter experiência governativa mas não tem na consciência 700 mil desempregados."
fonte:http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/debate-socrates-passos-coelho-minuto-a-minuto