PS antecipa programa para fugir à austeridade do FMI
Politólogos defendem que programa do PS serve só para vincar clivagens com PSD porque não há margem de manobra.
Enquanto no Ministério das Finanças a ‘troika' ultima o pacote de resgate financeiro, nos corredores da política nacional não há tempo a perder e jogam-se cartadas eleitorais em vésperas de eleições legislativas. A apresentação antecipada do programa do PS, na quarta-feira, é, na opinião de politólogos, exemplo disso. Sócrates avançou com as grandes linhas de orientação antes de fechado o pacote de austeridade para vincar a ideologia do PS como partido "do centro-esquerda democrático e moderno" e libertar o documento das medidas mais pesadas e liberais que venham a ser impostas. Daí que nem tenha feito reflectir no documento uma boa fatia das medidas que constavam do chumbado PEC IV.
Quando o pacote de resgate for conhecido - e o programa eleitoral do PS tiver que ser adaptado, caso Sócrates vença as eleições - o líder do PS usará um argumento de peso: as medidas de austeridade foram impostas pelo FMI e quem abriu caminho à ajuda externa foi a oposição ao criar a crise política com o chumbo do quarto PEC. Sócrates já começou, aliás, a preparar terreno para esta argumentação e ainda ontem, aos microfones da TSF, dizia que "ainda vamos ter saudades do PEC" IV.
O politólogo António Costa Pinto espelha bem aquela que foi a estratégia do PS ao antecipar o programa: "Estes documentos têm a função de emitir grandes referências em relação a quem vai proteger quem. O programa do PS é suficientemente diluído para manter referências de governação socialista, esperando que a oposição apresente programas mais liberais para depois os denunciar. É este o jogo".
fonte:http://economico.sapo.pt/