Louçã:"Sou o primeiro dos responsáveis pela derrota"
Francisco Louçã foi claro: "O Bloco de Esquerda não atingiu os seus objetivos e eu sou o primeiro dos responsáveis". O "recuo", para um grupo parlamentar semelhante ao de 2009, só tem uma leitura: "É uma derrota - e quero chamá-la pelo seu nome".
O líder do Bloco de Esquerda assumiu o desaire com clareza: "Este recuo é uma derrota e quero chamá-la pelo seu nome".
Francisco Louçã reconhece a derrota, assume a sua quota-parte, mas não em exclusivo: "O Bloco não atingiu os seus objetivos e eu sou certamente o primeiro dos responsáveis", disse.
Mais adiante, questionado se considera o resultado uma "derrota pessoal", Louçã respondeu imediatamente: "Com certeza que sim". Na sala, alguns militantes bloquistas replicaram: "Claro que não, claro que não!".
Perguntado se tenciona seguir o exemplo de José Sócrates, Louçã respondeu: "O meu lugar está sempre nas mãos do partido". Mas também recordou que foi eleito na Convenção, há apenas um mês.
Novo ciclo político
Na declaração aos jornalistas, Louçã começou por informar que já felicitara o vencedor, Pedro Passos Coelho.
De resto, parte substancial da intervenção foi dedicada às batalhas que se avizinham. "Hoje começou um novo ciclo político", disse. "Para ser exacto, começou com o pedido de empréstimo que hipotecará Portugal durante os próximos anos".
Sobre o quadro eleitoral agora definido, Louçã salientou que o PS "se amarrou para os próximos anos", com as medidas que constam do memorando.
Projectando já um dos primeiros combates políticos, o líder do Bloco mencionou a revisão do Código do Trabalho, uma "ameaça importantíssima". "O Código do Trabalho é uma ofensiva inconstitucional e anticonstitucional para os direitos dos trabalhadores".
Os que propõe a revisão dessa legislação "encontrarão pela frente os deputados e as deputadas do Bloco", garantiu Louçã.
Povo que luta
Foi um Louçã resignado aos resultados, mas decidido sobre o futuro que compareceu ante os jornalistas.
"Aprende-se mais com derrotas do que com vitórias", disse. Em relação aos portugueses que entre 2009 e 2011 deixaram de votar no BE, não aguarda azedume: "O Bloco não tem qualquer ressentimento com eleitores que escolheram outros partidos".
Mas para Louçã a noite de hoje é apenas mais uma etapa: "Mesmo na noite da derrota, quero dizer que não estamos vencidos".
Os próximos tempos serão de resistência: "Haverá um povo que luta: E nesse povo estará o Bloco de Esquerda".
Louçã persiste no sonho da esquerda. "O que se vai discutir todos os dias é uma governação que vai destruir o país. Nós propomos um governo de esquerda. É preciso uma esquerda capaz enfrentar a troika. Uma esquerda que não desiste, nem quebra nem verga".
fonte:http://aeiou.expresso.pt/